Era um dia como outro qualquer.
Acordou cansada querendo continuar seus sonhos, e mesmo assim, abriu os olhos rapidamente. Sentia que o sol estava por trás de suas cortinas fechadas da fria madrugada. Lhe apresentaram um mundo que ela já conhecia, e sentiu-se íntima dos palcos, camarotes e camarins, luzes, sons, montagens, varas e bambolinas, extranhamente íntima dali. As nuvens corriam no céu, como se disputassem quem chegaria primeiro em algum lugar que lhe era desconhecido, e acompanhou a corrida da janela do ônibus, do trânsito de carros, do caos de pensamentos e sensações. Mas chegou ao seu destino, ela, porque as nuvens acabaram ficando pra trás - ou pra frente, longe dos seus olhos, que agora estavam presos no ofício.
E foi caindo o dia e chegando a lua, ainda que encoberta por muitas e muitas nuvens, muito provavelmente aquelas que venceram a corrida!
quando finalmente seus olhos estavam prontos pra descansar, reparou que sua mão direita estava mais leve do que o normal, riu de sí mesma, de tudo o que lhe pesava, de tudo o que amou, de tudo, exatamente tudo.
Num dia estranhamente normal, em que tudo parecia estar mais intenso, em que ela havia prestado mais atenção em tantas coisas...talvez tenha reparado finalmente em si.
E perdeu aquela aliança, sentindo perder com ela tudo o que ainda havia, do que nunca existiu.
Um comentário:
acompanhei o dia, senti o frio, vi as nuvens, admirei a lua e gostei da leveza na mão direita!
algumas vezes, coisas pequenas nos dizem muito mais do esperávamos, não é?
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