sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ô ô ô ô-ô-ô-ô Ô

É que você, pra mim, é tão claro quanto ler: "Ô ô ô ô-ô-ô-ô Ô". Pode ser Lady Gaga, Justin Bieber, Britney Spears, Beyoncé ou qualquer outra coisa.
Pode ser de raiva, empolgação, medo, amor...
Pode ser grito de torcida organizada no estádio, ou pra chamar alguém que vc não sabe o nome.
Não da pra entender, entende?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pra onde é que a gente volta?

Não sei exatamente de onde surgem algumas certezas que eu encontro por aí, às vezes de manhã no meio do lençol, outras pelo meio da rua, algumas em copos de vodka e pessoas incrivelmente encantadoras.
Sei que é recorrente uma delas: o encantador é passageiro.
E isso não me assusta.
A gente mergulha de cabeça em um monte de coisa que é incrível e funda. Ai vai vendo as plantinhas bonitas e os musgos, e descobrindo quantos desses também fazem parte da gente. Mergulha e depois sai de biquíni mostrando a bunda (no melhor dos cenários) e enxugando, enxugando, enxugando...Haja água doce pra tanto sal.
O encantamento vai virando normalidade, as pessoas vão sendo cada vez mais humanas e perdendo as asas e a gente vai voltando ao que era antes de esquecer-se disso.
E um dia vc se pega não querendo mais ser tão simpático, tão bonito, tão atencioso, tão cuidadoso, tão doado, livre, feliz, perfeito... Aí vc resolve lavar o rosto antes de dormir e tirar uma foto assim, enquanto liga pra alguém capaz de te amar desse jeito feio, limpo e cansado.
Do encantamento sobram muitas coisas verdadeiras e até bem mais bonitas e sinceras do que vc pensava quando se encantou, e muitas outras coisas perdem o sentido e morrem de fome, de sede, de falta de tijolos no pensamento.
Eu acho isso bonito demais.
No fundo a gente se distrai com algumas outras pessoas, mas eu, particularmente, acho que já esgotei a cota de gente que eu posso ter na vida (essas que dá pra ligar de cara lavada), quem vier depois disso vai passar, e só. E isso é de uma tranquilidade...!
Vontade de sair da festa e deitar no colo das certezas, do jeito egoísta que eu sei fazer, e que elas aceitam e fazem igual, quando necessário.
É como diz o mestre recém descoberto (inclusive por mim) e popular em redes sociais (há coisas positivas em tanta conexão desconexa) Caio Fernando Abreu:
"Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas."
Eu só me pergunto, Caio: pra onde é que a gente volta?

Mas, por aqui, sempre tem mais vinho e sorrisos, lugar no sofá e no colo e, pra quem gostar, no coração também.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Intitulável

Eu não te conheço mais.
Eu acho que você não vê mais em mim o que pensava que eu era.
Você mudou.
Eu sei, e você continua igual. Que pena.
Por que você não gritou? Não foi atrás,não lutou, não fez nada?
Por que eu não quero mais ganhar.
Como não quer? Cadê o amor que você sentia? Acabou?
Não sei, acho que morreu de fome. Sabe? "Tem muita coisa que acaba, mesmo se você não for embora."
Mas vc disse que ia me amar pra sempre.
É, eu estava errada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Que seja leve

Caso resolvesse contar o tempo, pareceria uma anormalidade o resultado em importância.
A escolha pela renúncia do sentir não fazia parte de seus roteiros. Que não dar certo fosse o fim, mas que não houvessem dúvidas acerca das tentativas, dos telefonemas, das buscas - ainda que sonhadas, dos (des)encontros.
Entendia de intensidades. Gostava do quente e do gelado. Das dúvidas compartilhadas, dos olhares trocados, das mensagens, das questões, dos motivos, dos medos, das inseguranças, dos sorrisos, das quedas e das mãos que ajudam a levantar. Não sabia lidar com a falta de informação, com a ignorância.
Preferia olhar de perto a ferida e cutucar, do que imaginar se sangraria ou não.
Sangrou pouco.
Queria saber o que viria depois, e depois, e depois...e sempre. Planejava as coisas com a antecedência de quem quer sempre ter o controle, e exatamente com as falhas de quem nunca tem controle de absolutamente nada.
Dramas escritos e inventados. O palco dos sentimentos, onde - assim como na vida, a dor fala muito mais do que a alegria.
Compartilhou frustrações, sentiu muito por elas.
Atravessou a rua e caminhou, como sempre.
Só.
E que assim fosse. Que seus olhos sempre se admirassem diante de coisas novas e das velhas também, que as fronteiras fossem almejadas mesmo depois dos tombos, que seu sorriso de criança resistisse ao que os olhos não querem ver - quando eles veem exatamente isso, que fosse um eterno descobrir.
Num futuro breve, seria igual.
Não deixaria sua música ser encoberta por essas lembranças, não deixaria seu lugar preferido, não mudaria seus roteiros.
Continuaria, e continuou.
Leve, como gostaria de ser.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sinal de Vida

"Toda definição acabada é uma espécie de morte, porque, sendo fechada, mata justo a inquietação e curiosidade que nos impulsionam para as coisas que, vivas, palpitam e pulsam."

*definir-se é limitar-se*

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Feliz Ano TODO

"Para você ganhar um belíssimo Ano Novo, cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido - você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas, nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem: seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo.
Eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Desejo

Desejo primeiro que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem se desesperar.
Desejo também que tenha amigos que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis e que pelo menos em um deles você possa confiar sem duvidar. E porque a vida é assim desejo ainda que você tenha inimigos .Nem muitos, nem poucos mas na medida exata para que algumas vezes você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles haja pelo menos um que seja justo .
Desejo depois, que você seja útil mas não insubstituível, e que nos maus momentos quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. D
esejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil. Mas com os que erram muito e irremediavelmente. E que fazendo bom uso dessa tolerância você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais. E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer. E que sendo velho, não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor.
Desejo, por sinal, que você seja triste. Não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes e que estão bem à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal, porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por menor que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro porque é preciso ser prático, e que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga:"Isso é meu" , só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por eles e por você. Mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim, que você sendo homem, tenha uma boa mulher e que sendo mulher, tenha um bom homem. Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor pra recomeçar...


Victor Hugo