terça-feira, 13 de julho de 2010

Que seja leve

Caso resolvesse contar o tempo, pareceria uma anormalidade o resultado em importância.
A escolha pela renúncia do sentir não fazia parte de seus roteiros. Que não dar certo fosse o fim, mas que não houvessem dúvidas acerca das tentativas, dos telefonemas, das buscas - ainda que sonhadas, dos (des)encontros.
Entendia de intensidades. Gostava do quente e do gelado. Das dúvidas compartilhadas, dos olhares trocados, das mensagens, das questões, dos motivos, dos medos, das inseguranças, dos sorrisos, das quedas e das mãos que ajudam a levantar. Não sabia lidar com a falta de informação, com a ignorância.
Preferia olhar de perto a ferida e cutucar, do que imaginar se sangraria ou não.
Sangrou pouco.
Queria saber o que viria depois, e depois, e depois...e sempre. Planejava as coisas com a antecedência de quem quer sempre ter o controle, e exatamente com as falhas de quem nunca tem controle de absolutamente nada.
Dramas escritos e inventados. O palco dos sentimentos, onde - assim como na vida, a dor fala muito mais do que a alegria.
Compartilhou frustrações, sentiu muito por elas.
Atravessou a rua e caminhou, como sempre.
Só.
E que assim fosse. Que seus olhos sempre se admirassem diante de coisas novas e das velhas também, que as fronteiras fossem almejadas mesmo depois dos tombos, que seu sorriso de criança resistisse ao que os olhos não querem ver - quando eles veem exatamente isso, que fosse um eterno descobrir.
Num futuro breve, seria igual.
Não deixaria sua música ser encoberta por essas lembranças, não deixaria seu lugar preferido, não mudaria seus roteiros.
Continuaria, e continuou.
Leve, como gostaria de ser.

Um comentário:

Ree disse...

continuou investindo em intensidades, em furos e divindades. o esquema é realmente não deixar a imaginação de lado, mas tocar o fundo com as mãos sempre.

linda! ;)
beijo grande!