domingo, 26 de agosto de 2007

Porque queria demais.

Que suas palavras fossem ouvidas, era o que sonhava.
Que seus planos fossem mais do que isso, que seu medo fosse dormir, que sua música fosse cantada bem alto, e sentida, talvez mais do que cantada.
Que sua foto em preto e branco ganhasse o colorido da imaginação. Ela queria mudar certas coisas.
Que seu leite com café de todas as noites fosse acompanhado de outros pensamentos, e que seus pensamentos fossem banhados por outros planos.
Que cada segundo de dor pudesse verter lágrimas de futuro, ao invés de apenas chorar o passado.
Que suas unhas quebradas fossem pintadas de vermelho escarlate na noite seguinte, de baile e de festa, e de risos e afins.
Que essa tormenta tivesse calma .
Que esse sangue tivesse rumo.
Que essa poesia tivesse leitor.
Que essas minhocas falantes deixassem ela dormir.
É, ela ainda queria muito mudar certas coisas.

domingo, 19 de agosto de 2007

Sobrevivência, sequência de vida!

Sobrevivi a tua sede, cede de angústias, solidez de não fundamentos. Mar agitado, ilha perdida - sem céu estrelado.
Solidificando seus delírios, praticando pensamentos, perdendo futuros.
Sobrevivi mais uma noite, e outra, e uma seguida da outra após a primeira, e por mais que fosse óbvio tudo isso, me surpreendi. Era tão diferente esse primeiro golpe de ar. Não existia mais aquele colo, aquele abraço, eu fiquei doente noites e dias a fio, sozinha, chorando todas as lágrimas que eram você. Doendo de novo, cada arranhão, cada tapa, cada machucado, retirando todas as casquinhas e vendo bem de perto elas cicatrizarem por inteiro, e ainda hoje consigo – se olhar bem perto- enxergar algumas marquinhas, discretas sim, mas existentes. Marcas que não me deixam esquecer as dores, mas que me fazem sorrir. Esse sorriso aqui, que mesmo ele é tão diferente daquele outro que eu dava.
Até meu jeito de olhar mudou, de me olhar e de olhar o mundo, hoje eu vejo tudo sem paredes. Acho que você enxerga melhor também!
Eu sofri tudo de novo, pra poder fazes dessas dores resultado. Pra que elas fossem capazes de me mostrar consistência de idéias, nitidez por trás de tudo o que era difícil de ver antigamente. E assim foi.
As águas são calmas agora, embora vez ou outra haja alguma onda maior, na maioria do tempo boiar é possível, boiar tranquilamente, nas águas, nos sonhos, nos planos...
Boiar como agora, quando ondas de passado me fazem perder o ar por alguns instantes, e depois passam, me lembrando que renascer é uma conquista, vagarosa, confusa, diária e acima de tudo, deliciosa!
Recuperando meu ar, nadando rumo a tudo o que eu acredito, me afogando às vezes, mas seguindo as ondas e acreditando que elas sabem muito bem onde me levar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Assim me livro das palavras com as quais você me veste.

"Assim dizendo seria uma menina normal, com sonhos.
Pensando bem seria um sonho normal de menina, mas definitivamente não era um sonho numa menina normal.
Passavam-se horas e ela continuava a desenhar futuros no teto do quarto, assim de longe, pontuava com os olhos cada detalhe, cada frase, pausa, respiração e muitas vezes preferia deixar o diálogo sem final definido. O teto era branco, e continha algumas daquelas estrelinhas que brilham no escuro, ficavam exatamente à direita de toda aquela imaginação, cercavam um tímido sol, não era seu desenho preferidol, ela queria que ele tivesse mais raios. Cambaleava a realidade com o que ainda seria, e juntava personagens a cada dia, mesmo que os apagasse com branquinho escolar na noite seguinte.
Não era difícil.
Mal se lembrava o começo quando acaba de desenhar toda a estória, você vai descobrir como é se uma noite tentar desenhar estórias com os olhos, quando já esta acabando parece que o início já não se mostra mais. Os olhos dela eram azuis, dai todos os desenham ficavam meio mareados e ela - queachava chata aquela calmaria - sempre inventava uma briga-maremoto.
Coisas de menina ariana, que não gosta de nada muito enfeitado, tem que ser misturado pra ser de verdade, não acredita em contos de fada mas seu conto preferido é a aventura de um pequeno principezinho...porque ela sabe que ele entende suas confusões internas como ninguém.
Ela conhecia a vida de muitos ângulos e há tempos, e se fazia de surpresa ainda, e errava constantemente, como alguém que tenta de novo.
Essa era apenas mais uma noite naquele quarto e ela desenhava coisas concretas em areia movediça, que era só pra ter mais graça, porque ela sabia como ninguém refazer coisas perdidas.
E se livrava de tudo o que lhe pintavam se pintando dela mesma, se livrando das palavras ditas, indo um pouco mais pra lá, agora conhecia o caminho:
Segunda estrela à direita e em frente até o amanhecer..."