Causa uma pontada no peito, um emaranhado de fios em pensamentos numa cabeça cheia de planos.
Um arrepio repentino por um cheiro no ar, por um tom em música, um tom em cor, uma flor caída em sua frente - caída do topo de um lugar qualquer.
Aperta e traz as lágrimas ou a falta delas, transforma o que não tem em prosa e verso , letras e notas, coisas (in)fundadas e profundamente plantadas no seio esquerdo de uma batida contínua e só.
Recolhe do que a falta faz e joga pro alto, como folhas secas, como água e chuva, e rega o que há pra regar. E planta novos sonhos em desculpas inventadas.
A dor conta ao telefone o que sente, chora no chuveiro e nega. A dor transforma gente que sofre em poeta, e diz que é bonito sentir assim. Que o amor sofre mesmo e ai de quem disser que não.
A dor tem inveja de não ser alegre, porque alegria traz cor pra tela, pra unha, pro cabelo.
Ela enfeita o que a dor deixou de lado, faz as rugas do sorriso no rosto espantar as lágrimas um pouco mais pra lá. A alegria é mais descarada e mais fácil de mostrar.
A dor queria dizer que gosta da alegria, mas acha mais legal ter no geral o que falar.
Quer poder chorar as mágoas em livros, consagrar autores de auto-ajuda, remédios de tarja preta e afins.
A Alegria da risada disso, e sabe que é mais gostoso rir de tudo, e saber que a vida tem dor pra caramba, mas tudo passa, simples assim.
A dor e a alegria falam línguas diferentes e a gente vez ou outra sente uma aqui a outra ali.
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