terça-feira, 19 de junho de 2007

Sonhava que vivia

Esta noite sonhei que era antes, e o que tempo estava no passado.
Sonhei estrelas cadentes não caídas, folhas no topo das árvores mais altas, nuvens sem chuva.
Acordei com uma sensação estranha de falta de sabor, de falta de cor, de excesso de chão pra pisar.
As 14 horas dormidas me fizeram um mal danado, eu queria dormir de novo pra ter dormido menos, pra ter sonhado menos e pra ter acordado me sentindo menos assim. Assim perdida, assim querendo tantas coisas, pensando em como deveria pensar e sentir.
Dormir também é ruim, e eu gosto tanto, novidade não é, eu gosto de muitas coisas ruins.
Nem sempre o que todo mundo acha errado é certo, e nem sempre tudo o que eu acho ser verdade é mentira.
E essa musica que não me sai dos ouvidos, e esta voz que não me deixa dormir, e estes escritos que voltaram pras minhas mãos pra me lembrar que um dia!
Que um dia era acordada que eu estava aqui e ali, e em todos os lugares onde não estou mais.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O vento das palavras e o sopro que elas são.

Sentia calafrios como quem tem medo outra vez, e não sabia de onde vinham.
Ouvia muita gente falando, ouvia coisas demais, e sentia muito pouco neste momento.
Queria que o tempo parasse, e sabia que era ruim querer assim, uma amiga havia lhe dito que isso não era nada bom, isso de querer controlar isso ou aquilo. Sabia que não deveria repetir tantas palavras, pra que seus escritos não ficassem tão confusos como sua mente, alguém poderia achar sentido se ela procurasse ser mais clara.
Mas não havia como escapar daquela tormenta de raios lhe cegando os olhos, e não, nenhum novo furacão se apresentava janela a fora, era isso que a assustava. Porque?
Seriam os fantasmas antigos assombrando os sonhos de hoje? Seriam novos ? E desconfiava que nem uma coisa e nem outra .
Os calafrios eram do tempo que passa, que não espera, e se tornava repetitiva em tais conclusões óbvias.
Mas era assim que acontecia. Ela queria sentir o vento das palavras ditas outrora, queria nem que fosse por uma noite de novo acreditar em tais palavras. E questionava: porque por tão pouco tempo? Seria justo sentir-se daquela maneira apenas por uma noite? Desejou que aquela fosse sua última, pra que dormisse pra sempre acreditando no que não era real.
E acordou, tantos e tantos outros dias, lhe foram punição por acreditar no que não devia.
Palavras ditas são como o vento.
Passam, você sente e lembra , mas não dá pra segurar e nem pra assegurar que serão pra sempre verdade. Elas existem na intensidade dos momentos e podem ser reais apenas pelos milésimos de segundo que levam para ser proferidas, e acabam.
E foi dormir outra noite, se perguntando todas as mesmas coisas de todas as outras tantas noites que a separavam daquela antiga...
Ela continuava a ser, pensando em como seria, em como seria.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Um passo, uma estrada.

E o tempo corre, corre milhares de quilômetros por hora, e sequer avisa quantos milhares ainda teremos que esperar.
E você não pode parar pra amarrar o cadarço do tênis, pra tomar água, pra comer uma maçã, você segue, segue passando por todas as dificuldades da pista, segue que essa vida corre.
E as datas continuam existindo, e os sonhos continuam aparecendo noite ou outra, e um pensamento perdido que se lembra entre um refil e outro de guaraná com laranja!
Dá medo do tamanho do medo, dá medo do medo que dá.
E você nem sabe qual parte das lembranças foi verdade, você nem sabe mais...e se um dia soube , hoje tudo é dúvida e novidade, e nem se sabe se amanhã se perderá de novo. O que é que se perdeu, se um dia teve, se perder e se encontrar num mesmo sentido de faltar nexo em tudo.
Falta sentido, sentido de caminho, sentido de olfato, tato, audição, paladar, visão. Sentido de sentir alguma coisa que venha de onde não se pode mais. E quem disse que pôde?!?.
Quando tudo vira ‘se’ qualquer coisa de certo se torna talvez, se mostra mentira, se esconde de si.
Dá medo de construir verdades e certezas na areia da praia, e se a maré virar leva, leva o que eu sou e tudo que eu pensei ser.
Quero cuidar das marés, do clima, quero saber se a tempestade acaba, e se amanhã vai dar praia, quero protetor solar 50 e chapéu grande, quero uma canga do Brasil e uma água direto da fonte, quero uma ponte sobre o rio do que eu fui e do que um dia serei , e quero árvores contando tudo o que eu achei que era pra sempre. Quero colher os frutos destas tantas coisas e plantar flores no jardim da chegada.
Se um dia o que for deixar de ser, se um dia o que não foi vier a se tornar. É tudo percurso desta estrada, é tudo flor, pedra, placa. É tudo e nada, e você sabe bem!