Bom dia cego Benedito.
Bom dia, fio.
Cego Benedito, eu tô pensando em ir embora pra outras terras e queria saber se tu acha certo.
E que que tu que que eu responda fiô?
O que tu achar que é direito.
E é direito não deixar que se erre pra que se aprenda? E é direito deixar que se erre e se arrependa sem se aconselho? Eu não atino o que é direito por isso não respondo.
Mas eu quero teu conselho. Se fosse eu o que é que tu faria?
Perguntaria a um cego amigo o que fazer.
E o que este cego te responderia?
Exatamente o que acabei de responder, fiô..
Mas se tu ainda fosse eu e o cego respondesse exatamente o que acabou de responder?
Desistia de perguntar. E ai fio, eu pensava que realmente o que se quer saber não se pergunta. Arranca-se do seio da terra até sentir o cheiro. Se te agrada, fiô. Se te espanta vá. Mas não arranque essa cabeça do ombro pensando que assim vai ver mais alto. Não arrede essa perna do tronco pensando em chegar mais cedo, e não procure distante o que já tem do teu lado.
Oswaldo Montenegro
Um comentário:
Ai amiga, dói demais.
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